A rutabaga (Brassica napus L. var. napobrassica) é por vezes confundida com a couve-nabo (Brassica napus L. var. napus), pois são da mesma espécie botânica, mas de variedades diferentes. Ambas são brassicas de raiz comestível mas a rutabaga tem uma raiz arredondada e de polpa amarela, enquanto a couve-nabo tem uma raiz mais alongada e de polpa branca.
Esta variedade foi descrita pela primeira vez em 1620 pelo botânico suíço Gaspard Bauhin e tem sido mais cultivada no Centro e Norte da Europa, em comparação com a região mediterrânica. Em Portugal é ainda cultivada em Trás-os-Montes por alguns agricultores mais antigos que a chamam de “rabos”, talvez devido à designação original de rutabaga, quando introduzida na região no século XVIII, proveniente no Norte da Europa. Mas mesmo no planalto mirandês onde ainda se encontra, já não é muito comum.
As suas qualidades agrícolas e alimentares justificam maior importância, cultivo e consumo.
Agora que precisamos aproveitar melhor os recursos da terra talvez seja boa altura para uma maior difusão da rutabaga, não só na sua região tradicional mas também noutras. Na nossa horta em Sintra cultivámo-la pela primeira vez no Outono/Inverno de 2014/2015 e a adaptação foi a melhor.
Foi semeada já um pouco tarde, a 5 de Outubro, não em local definitivo como é hábito fazer, mas em placas de alvéolos (por falta de terra preparada), estando já bem nascida 12 dias depois (figura 1).
Figura 1 – Rutabagas aqui identificadas como “couve-nabo nº 30” conforme descrição no Catálogo da Associação “Colher para Semear” (Sintra, 17.10.2014)
Foi transplantada a 16 de Novembro, já com um crescimento médio e um bom desenvolvimento radical (fig. 2).
Figura 2 – Planta de rutabaga pronta a plantar (Sintra, 16.11.2014)
Depois de plantadas vieram a receber as abundantes chuvas do Outono e a agradecê-las com um vigoroso crescimento, resistindo depois ao frio do Inverno, e desenvolvendo boa folhagem sem qualquer sintoma de praga ou doença (fig. 3), até criar as grossas raízes comestíveis (fig. 4).
Figura 3 – Plantas de rutabaga com bom crescimento foliar, na companhia dos alhos, depois de passados os frios mais intensos do Inverno (Sintra, 28.02.2015)
Esta planta é considerada ainda mais resistente que o nabo ao frio, pelo que está bem adaptada ao inverno em todo o país incluindo as regiões mais frias. Quanto ao solo preferem os frescos e argilosos.
Figura 4 – Plantas de rutabaga com bom crescimento radicular e já em início de espigamento, e já depois de algumas folhas colhidas (Sintra, 13.04.2015)
Quanto às qualidades culinárias, a primeira surpresa foi o agradável sabor das folhas, que substituíram muito bem a falta de nabiças que desta vez não cultivámos.
Depois a raiz, que fez uma boa base para a sopa e que deixou em aberto outras possíveis utilizações para quando houver mais tempo de procurar receitas ainda pouco habituais na cozinha tradicional portuguesa. Por fim os grelos, que também podem substituir os do nabo-greleiro, com um sabor diferente para também agradável, talvez um pouco menos amargo.
Apesar de também ser conhecida por “bacalhau dos pobres” não notamos o sabor do “fiel amigo”. Talvez que essa designação resulte mais da utilização em tempos de guerra e pós-guerra na Europa, nomeadamente na Alemanha depois da primeira e segunda guerras mundiais, motivo pelo qual ficou associada a situações de fome e miséria.
Por último destacamos a riqueza em glucosinolatos, antioxidantes das brassicas que se conhecem mais associados à couve-brócolo, mas que também na rutabaga estão presentes em quantidades substanciais.
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